Não faça uso de medicamentos sem antes consultar seu médico

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Alternativa para fármaco mais vendido no mundo

13/01/2011

Agência FAPESP – Um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) desenvolveu uma nova rota, mais eficiente, para a produção de atorvastatina. A substância é o princípio ativo do medicamento mais vendido no mundo, o Lipitor, utilizado para a redução dos níveis de colesterol no organismo.

A patente do medicamento no Brasil expirou em dezembro de 2010 e a descoberta da nova rota de produção é um passo importante para o desenvolvimento de um genérico brasileiro do Liptor, de acordo com o coordenador da pesquisa, Luiz Carlos Dias, professor do Instituto de Química (IQ) da Unicamp.

O estudo, que teve a participação do pós-doutorando Adriano Siqueira Vieira, foi realizado no âmbito do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Fármacos e Medicamentos (INCT-Inofar). Membro do comitê gestor do instituto, Dias é responsável pelos projetos relacionados a medicamentos genéricos.

O INCT-Inofar, que tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), é sediado no Rio de Janeiro e coordenado pelo professor Eliezer Barreiro, do Laboratório de Avaliação e Síntese de Substâncias Bioativas da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Dias coordena o projeto "Síntese total de produtos naturais com atividade farmacológica destacada. Síntese de análogos, estudos de SAR, modelagem e avaliação bioquímica", apoiado pela FAPESP por meio da modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular.

Segundo ele, o trabalho da equipe brasileira consistiu em uma inovação incremental, que melhorou a rota de obtenção da molécula, reduzindo a quantidade de solventes e reagentes em diversas etapas do processo de produção. As reações puderam ser realizadas em condições mais brandas, com insumos mais baratos e com menor impacto ambiental.

“Fizemos várias melhorias, incrementando muito o rendimento intermediário da síntese, que passou de 30%, na rota anterior, para 61%. O mais importante é que introduzimos também inovações a partir desse ponto intermediário e passamos a preparar a atorvastatina por uma rota mais curta, que ainda não havia sido descrita em nenhuma das patentes. É um processo que desenvolvemos e que permitiu que, em poucas etapas, chegássemos ao princípio ativo”, disse Dias à Agência FAPESP.

Dias explicou que a inovação consistiu basicamente em conseguir preparar o princípio ativo de uma maneira diferente. “Chegamos exatamente à mesma molécula, em sua forma mais ativa – já que ela tem quatro polimorfos, com maneiras diferentes de cristalizar. Trata-se de um genérico, produzido a partir de uma rota diferente e mais curta, suprimindo a utilização de diversos insumos caros e tóxicos.”

A nova rota tem etapas que envolvem reações e intermediários que não haviam sido utilizados em nenhuma das patentes anteriores. Dias explica que a molécula da atorvastatina foi escolhida para a síntese por seu valor econômico.

“Apenas em 2009, o Lipitor rendeu para a Pfizer cerca de R$ 400 milhões apenas no Brasil e US$ 13 bilhões em todo o mundo. Trata-se de um medicamento caro, mas que é o mais vendido no mundo. A nova rota para produção de atorvastatina deverá reduzir o preço final do genérico e poderá causar impacto na balança comercial brasileira, em especial para o Sistema Único de Saúde”, disse.

A patente do Lipitor é de 1989 e expirava em 2009. A Pfizer conseguiu uma liminar para estendê-la até dezembro de 2010, de acordo com Dias. “As patentes em vias de expiração podem ser vistas como uma oportunidade, já que temos no país, em várias instituições acadêmicas, a competência instalada para melhorar as rotas de produção ou mesmo partir de rotas inéditas”, afirmou.

A estratégia vale para qualquer medicamento, segundo o cientista. “A estrutura da atorvastatina é uma das mais complexas entre os genéricos que podemos preparar. Se conseguimos preparar essa molécula, isso significa que podemos dar conta de praticamente qualquer princípio ativo. Temos princípios ativos de medicamentos com estruturas muito mais simples e que também têm impacto importante para o SUS”, disse o cientista.

Laboratórios de escalonamento
Segundo Dias, com a nova rota descoberta, a equipe de cientistas preparou um grama de atorvastatina. A partir de agora começa o processo de patenteamento da nova rota de produção da molécula, junto à Agência de Inovação da Unicamp (Inova).

“Dificilmente se consegue preparar mais que isso em escala laboratorial. Agora, vamos passar à fase de conversas com a indústria farmacêutica. Já temos uma empresa interessada, com quem vamos discutir o escalonamento e a preparação em escala industrial”, disse.



A produção em escala industrial segue outra lógica, segundo Dias, difícil de ser levada adiante nos laboratórios de pesquisa. “Só a indústria poderá produzir em grande escala, pois não temos laboratórios de escalonamento no Brasil. Seria importante para o país investir nisso”, disse.

Hoje, segundo Dias, existe apenas um genérico da atorvastatina, mas ele ainda é muito caro: custa entre R$ 70 e R$ 80 por caixa, dependendo do Estado. A caixa de Lipitor custa de R$ 120 a R$ 200. “Eu diria que muito menos de 5% da população brasileira que tem problema de colesterol tem acesso a esse medicamento – mesmo o genérico –, que não faz parte do Farmácia Popular”, disse.

O preço atual do medicamento é tão alto, segundo Dias, porque as farmoquímicas brasileiras importam insumos de outros mercados como Índia, China, Japão e Estados Unidos. No Brasil, apenas pequenas transformações são feitas e o genérico é posto no mercado com o custo desses insumos repassados ao consumidor.

“Assim que passarmos a produzir no Brasil insumos avançados ou esses princípios ativos de genéricos, o preço final dos medicamentos vai ser muito menor. Além disso, poderemos passar a exportar para os países vizinhos. Esse é o cenário ideal para o nosso setor farmacêutico. Para chegar lá precisaremos de muito investimento”, afirmou.

Segundo o professor da Unicamp, há investimentos sendo feitos, mas para alcançar o objetivo será necessária uma maior aproximação entre governo federal, estadual, o setor acadêmico e o setor industrial. “Poucas empresas no Brasil fazem pesquisa, mesmo incremental. Fazem muita cópia, mas não investem na fabricação de insumos e produção de medicamentos”, disse.

No entanto, a competência instalada no setor acadêmico em todo o Brasil já é suficiente para reverter esse quadro, segundo ele. “Acho que um trabalho como essa nova rota para produção da atorvastatina mostra que temos potencial para preparar esses princípios ativos não apenas com inovações incrementais, mas também a partir de rotas inéditas, com tecnologia desenvolvida no país”, destacou.

O principal gargalo atualmente, segundo ele, é a inexistência dos laboratórios de escalonamento nas universidades brasileiras. O laboratório do IQ, por exemplo, precisa preparar um lote de 600 gramas de um composto novo para fazer todos os testes. Mas nenhum laboratório acadêmico tem essa condição.

“As empresas farmacêuticas ficam então com essa responsabilidade, mas eles só vão fazer esse teste se houver praticamente certeza que o composto vá para o mercado. Mas inovação sempre tem algum nível de incerteza e, por isso, não fazemos inovação. Eles não apostam nesse tipo de pesquisa”, afirmou.

A solução, segundo Dias, consistirá em pagar para que um laboratório do exterior prepare os 600 gramas do novo composto. “Temos contato com um laboratório do Uruguai e outro da Espanha. Mas o ideal seria termos nossos próprios laboratórios para escalonamento. Isso traria recursos para as instituições acadêmicas, já que poderíamos preparar compostos em grandes escalas e vendê-los para as farmoquímicas”, disse.

Fonte: Agência FAPESP

Link:
http://www.agencia.fapesp.br/materia/13313/alternativa-para-farmaco-mais-vendido.htm

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A influência do antibiótico profilático na infecção pós-operatória

As infecções representam as complicações mais freqüentes do período pós-operatório, sendo responsáveis por elevada mortalidade dos pacientes submetidos à cirurgia. Com o advento dos antibióticos, inúmeros estudos prospectivos foram realizados, ratificando a influência da antibioticoprofilaxia no controle de determinadas infecções pós-operatórias. A adoção de medidas preventivas que preconizam o uso adequado e as indicações dos antibióticos profiláticos são imprescindíveis para minimizar a problemática da infecção. Desta forma, a conscientização da relevância de tais medidas é fundamental para a manutenção da saúde e controle das infecções pós-operatórias.   
 
INTRODUÇÃO
As infecções constituem as complicações mais freqüentes do período pós-operatório, representando um desafio para cirurgiões e profissionais de saúde (2,3). Infecções pós-operatórias não cirúrgicas são representadas principalmente pelas infecções do trato urinário e respiratório(3). Enquanto as infecções decorrentes diretamente do ato cirúrgico, que acometem a ferida operatória ou a cavidade orgânica manipulada, são denominadas infecções cirúrgicas ou infecções do sítio cirúrgico(3,22).
Segundo dados do projeto SENIC, as infecções do sítio cirúrgico (ISC) representam 20 a 30% das infecções adquiridas no ambiente hospitalar, sendo a segunda infecção hospitalar mais freqüente(1,22). As ISC são muito prevalentes, contribuindo para o aumento do período de internação, custos adicionais com tratamento e letalidade dos pacientes submetidos à cirurgia (1, 8, 22).
No arsenal de medidas adotadas para redução das taxas de infecção, o emprego de antibióticos profilaticamente exerce papel fundamental (1, 2). Marco histórico na profilaxia antimicrobiana, alicerce da era moderna do uso dos antibióticos, Burke, na década de 60, com o propósito de examinar os elementos biológicos participantes da prevenção da infecção bacteriana, constatou a importância dos mecanismos naturais contra o crescimento dos microorganismos no pós-operatório. Segundo Burke, a resistência inespecífica do organismo é composta por inúmeros elementos, que atuam de forma sistêmica ou agem somente no local de entrada dos microorganismos, não havendo falha no tempo entre a contaminação e a imediata reação do organismo. Desta forma, mantidos íntegros os fatores gerais e locais de defesa, o conceito de profilaxia antibiótica consiste na suplementação dos elementos naturais da resistência (5).
 
PROFILAXIA ANTIMICROBIANA
Os conhecimentos atuais sobre a profilaxia da infecção pós-operatória baseiam-se em experimentos clínicos e laboratoriais, que definem o período efetivo de ação, validade e partição biológica da droga, determinando os critérios farmacológicos e bioquímicos dos antibióticos prescritos(5).
Os antibióticos são administrados com finalidade curativa em situações em que o processo infeccioso está estabelecido. Podem ser empíricos ou baseados no antibiograma e de acordo com a evolução do paciente são administrados por longa ou curta duração. Os antibióticos são prescritos para o uso profilático quando se deseja prevenir uma infecção por agente conhecido ou suspeito, nos pacientes que têm risco de contraí-la. Pode ser feito em dose única, tendo curta duração (menos de 24 horas) ou prolongando-se por até 48 horas(2).
Em abril de 1999, o Center for Disease Control (CDC) publicou um consenso de prevenção em infecção, no qual os principais pontos de profilaxia são preconizados. Dentre tais pontos enfatiza-se:
- Utilização de antimicrobianos de maneira profilática apenas quando indicados e baseados nos perfis de eficácia dos patógenos mais freqüentes em determinados procedimentos cirúrgicos(2).
- Administração por via venosa, em concentrações bactericidas, no momento da incisão, podendo usar um ou mais antibióticos de espectro de ação distinto (5).
- Utilização de agentes de primeira linha, não utilizando a vancomicina de rotina na profilaxia antimicrobiana(2).
- Em cirurgias colorretais, administram-se antibióticos orais, não absorvíveis, em doses divididas no dia anterior à cirurgia. Assim como se procede ao preparo mecânico dos cólons(2).
- Nas operações cesarianas de elevado risco, o agente antimicrobiano deve ser usado imediatamente após o clampeamento do cordão umbilical(4).
 
ESQUEMAS ANTIMICROBIANOS
Anualmente, um grande número de antibióticos chega ao mercado, sendo difícil prever a eficácia e os benefícios de drogas lançadas recentemente. Contudo, alguns antibióticos disponíveis no mercado brasileiro apresentam elevado potencial na profilaxia cirúrgica. Dentre os antibióticos disponíveis no arsenal terapêutico e profilático, destacam-se os antibióticos, ertapenem e as cefalosporinas, que apresentam poucos efeitos colaterais e adversos, meia-vida longa (dose única) e amplo espectro de ação contra bactérias comunitárias(2, 5).
O uso sistêmico de antibióticos de modo profilático deve ser baseado na evidência do benefício em relação aos possíveis eventos adversos(2).
 
PRINCÍPIO BÁSICOS DA ANTIBIÓTICOPROFILAXIA EM CIRURGIA
A escolha do antibiótico profilático geralmente é bastante questionável devido a existência de inúmeras publicações, que atestam sua eficiência em distintos procedimentos. Desta forma, é importante que o antibiótico quando administrado de maneira profilática obedeça aos princípios básicos da profilaxia (2).
 
ESCOLHA DO AGENTE ANTIMICROBIANO
Uma vez que não existe um agente antimicrobiano efetivo na profilaxia de infecções de todos os procedimentos cirúrgicos, o antibiótico deve ser escolhido por sua ação contra os microorganismos mais comuns, tendo sua eficácia comprovada. Não deve apresentar efeitos colaterais graves e ser acessível à população. Para a profilaxia adequada, é essencial conhecer a farmacocinética da droga, observando sua concentração inibitória mínima, metabolização, excreção e dose inicial do antibiótico usado. Tal droga não deve ser essencial para o tratamento de infecções nosocomiais graves, ter elevada toxidade e interagir com anestésicos. Importante salientar a monitorização da flora microbiana a fim de detectar os padrões de resistência (1, 2, 5).
 
TEMPO DE INÍCIO DA ANTIBIOTICOPROFILAXIA
A profilaxia antimicrobiana adequada deve atingir níveis inibitórios no local da incisão cirúrgica antes que esta seja realizada. É fundamental para a profilaxia cirúrgica que a dose inicial do antibiótico seja administrada por via parenteral no período pré-operatório, entre 30 e 60 minutos, no momento ou logo após a indução anestésica. Desta forma, o antibiótico profilático atingirá concentrações adequadas tanto na pele e tecido celular subcutâneo incisado, quanto nos coágulos e hematomas formados durante o ato cirúrgico, impedindo a replicação bacteriana e conseqüentemente a infecção pós-operatória(1).
A administração precoce não aumenta a eficácia da profilaxia por gerar cepas resistentes, elevando os custos e os efeitos adversos dos antibióticos. Enquanto a administração tardia torna inócuo o uso dessas drogas com finalidade profilática(3). Contudo nas cesarianas, a dose deve ser postergada até o clampeamento do cordão umbilical e, nas cirugias colo-retais a antibioticoprofilaxia é feita com a descontaminação seletiva do cólon(1).
 
DOSE
A profilaxia antibiótica tem máximo efeito quando os níveis de antibiótico permanecem no sangue e tecidos durante todo o procedimento cirúrgico(3). A indicação de suplementação de dose no período intra-operatório deve ser feita quando o tempo cirúrgico for maior que duas meias-vidas do antibiótico usado ou quando houver sangramento superior a 20% da volemia(1).
 
DURAÇÃO
Na grande maioria das cirurgias, recomenda-se manter a antibioticoprofilaxia apenas durante o período pré-operatório. Visto que a administração por período mais longo não reduz a prevalência de infecção, podendo ainda gerar efeitos adversos e promover a resistência bacteriana 3. Importante salientar que a presença de drenos e cateteres não justifica o prolongamento da antibioticoprofilaxia(1).
 
FATORES DE RISCO PARA INFECÇÃO DO SÍTIO CIRÚRGICO
As ISC têm se destacado dentre os demais sítios de infecção devido à alta mortalidade e morbidade presentes e aos elevados custos do tratamento. Podem ser classificadas em incisional superficial (maioria), profunda ou de órgão / cavidade 8. A maioria das ISC é causada por bactérias, porém apesar de os fungos não serem freqüentemente isolados em ISC, podem causar graves infecções. Dentre os fungos destaca-se a Candida albicans, responsável pela infecção fúngica do trato urinário, que tem sua incidência aumentada pelo uso prévio de antibióticos(21, 22).
Atualmente, diversos estudos estão sendo elaborados para determinar os fatores de risco específicos no desenvolvimento da ISC, visto que o risco da infecção não se restringe ao procedimento cirúrgico(1, 22).
 
FATORES RELACIONADOS AOS PACIENTES
Dentre os fatores relacionados aos pacientes, temos: extremos de idade, desnutrição, obesidade, diabetes mellitus, hipoxemia, pacientes imunodeprimidos, transfusão maciça, comorbidades (acima de três), infecção em outro sítio, ASA (classe III, IV ou V) e cirurgia prévia recente(1, 3).
 
FATORES RELACIONADOS AO PERÍODO PRÉ-OPERATÓRIO
A internação prolongada, o uso prévio de antimicrobianos e a tricotomia inadequada alteram a flora do paciente, aumentado as taxas de ISC(1).
 
FATORES RELACIONADOS AO PERÍODO INTRA-OPERATÓRIO
Durante a cirurgia, alguns fatores como o tempo prolongado do procedimento, uso abusivo da cauterização, a presença de hematomas não drenados, tecido desvitalizados, corpos estranhos, hipotensão, hipotermia e a contaminação da ferida cirúrgica podem propiciar o desenvolvimento da ISC(1).
De acordo com o potencial de contaminação intra-opratória as feridas cirúrgicas classificam-se em:
- Limpas: Apresentam contaminação infreqüente ou inesperada com reduzido risco de ISC (1 – 5%), não havendo indicação de antibiótico exceto em algumas situações (pacientes acima de 70 anos, implante de próteses, esplenectomia, cirurgia de aorta).
- Potencialmente Contaminadas: Oriundas de manipulações de órgãos e cavidades com colonização bacteriana, tendo de 3 a 15 % de ISC.
- Contaminada: Trauma recente com processo inflamatório não-purulento e grande colonização bacteriana. Risco de infecção varia entre 10 e 20 %.
- Infectada: Lesões traumáticas com mais de seis horas de evolução, infecção instalada, representando risco de ISC acima de 25%.
Esta classificação relaciona-se com a probabilidade de infecção cirúrgica, visto que quanto mais colonizado é o órgão manipulado, maior será seu potencial de contaminação e conseqüentemente o risco de infecção incisional (2,3,8,19,22,23,24).
 
INDICAÇÕES DA ANTIBIOTICOPROFILAXIA
Apesar dos inúmeros avanços em todas as áreas da medicina, a infecção pós-operatória representa um entrave para a cirurgia. Desta forma, através da profilaxia almeja-se manter a infecção dentro de padrões aceitáveis(19).
As indicações para o uso de antibióticos profiláticos baseiam-se na eficácia da profilaxia, no risco e gravidade da infecção pós-operatória(3). A profilaxia antimicrobiana não está indicada em todos os procedimentos cirúrgicos. Teoricamente, as indicações se restringem às cirurgias contaminadas ou infectadas. Contudo, em algumas cirurgias limpas, como cirurgias cardíacas, neurocirurgias ou cirurgias de colocação de próteses aplica-se a antibioticoprofilaxia devido o elevado índice de óbitos por infecção nestes casos(1).
Inúmeros trabalhos prospectivos e randomizados justificam a prescrição do antibiótico profilático em determinados procedimentos cirúrgicos(3).


Procedimento Cirúrgico
 
CIRURGIA CARDÍACA
A mediastinite constitui uma grave complicação infecciosa do pós-operatório de cirurgias cardíacas, tendo sua incidência reduzida através de condutas preventivas como o uso de antibióticos(7). A eficácia da profilaxia antibiótica na endocardite bacteriana seguida de procedimentos endoscópicos e dentários não está comprovada. Porém, enquanto nada contradizer que a antibioticoprofilaxia diminui a bacteremia, o uso de antibióticos deve ser prescrito, principalmente em pacientes sob risco e que são submetidos a procedimentos cirúrgicos(2, 15).
 
CIRURGIA VASCULAR
A isquemia seguida de reperfusão intestinal consiste em um evento clínico comum com elevadas taxas de mortalidade (44 – 89%) e de complicações como síndrome de angústia respiratória do adulto (SARA), hipotensão, falência renal e lesão da mucosa intestinal. Desta forma, a antibioticoterapia prévia pode ser uma conduta eficaz para reduzir o processo que permite a translocação bacteriana e o desenvolvimento da sepse(16,17).
 
CIRURGIA DO TRATO DIGESTIVO
A utilização de antibiótico profilático reduz de maneira significativa as taxas de infecção do sítio cirúrgico nos casos de hernioplastia incisional e esplectomia, cujos pacientes são portadores de esquistossomose hepatoesplênica(2).
Diversos estudos não identificaram benefícios no uso de antibiótico profilático para redução das infecções pós-colecistectomias. Porém, o uso de antibioticoprofilaxia no caso de colangiografia pré-operatória reduz estatisticamente a incidência de infecção(2).
A peritonite bacteriana espontânea representa uma complicação freqüente nos pacientes com cirrose e ascite por hepatopatia crônica, com reservado prognóstico, principalmente na ausência de resposta ao uso de antibiótico(12). A abordagem cirúrgica do intestino grosso requer uma conduta preventiva, visto que o cólon consiste em um reservatório de microorganismos. Desta forma, o uso de esquemas mistos de antibioticoprofilaxia tem sido bastante indicado pelos cirurgiões, a fim de evitar as infecções pós-operatórias do intestino grosso(2, 5).
 
CIRURGIA OFTALMOLÓGICA
Dentre os procedimentos cirúrgicos realizados pelos oftalmologistas na atualidade, destacam-se a cirurgia de catarata e a cirurgia refrativa. Embora tais procedimentos sejam relativamente seguros e com baixa incidência de complicações, quando ocorre infecção a reabilitação visual dos pacientes pode ser afetada. Vários estudos analisaram a eficácia da antibioticoterapia tópica no preparo do paciente para cirurgia oftalmológica, comprovando que o uso do antibiótico antes da cirurgia reduz a incidência de infecção(9).
Estudos recentes determinaram a importância das injeções intravítreas no tratamento da endoftalmite bacteriana pós-facectomia, visto que o uso tópico, subconjuntival e sistêmico de antibióticos não atinge concentrações intravítreas adequadas para o tratamento das infecções intra-oculares(10).
A utilização de adesivos teciduais para o tratamento de afecções corneais com microperfurações e afinamento é bastante aceita. Contudo, a dificuldade em obtenção e o custo elevado do Hystoacril Blue ®, adesivo tecidual de cianoacrilato mais empregado em oftalmologia, acarreta na busca por outros produtos. Dentre estes, o cianoacrilato Super Bonder ® (2-metil cianoacrilato), comercializado para finalidades não médicas, possui um possível efeito bactericida, podendo ser usado em pequenas perfurações da córnea(11).
 
CIRURGIA UROLÓGICA
A profilaxia antibiótica nas ressecções transuretrais da próstata é uma prática freqüente na urologia. Porém, a realização de procedimentos assépticos na cirurgia contesta o efeito profilático e bactericida dos antibióticos usados. Nos casos de infecção urinária, a realização do antibiograma é indispensável para a escolha do antibiótico(14, 21).
 
CIRURGIA GINECOLÓGICA E OBSTÉTRICA
Em cesarianas, a endometrite e a infecção do sítio cirúrgico consistem em complicações importantes, acometendo principalmente pacientes de alto risco. Embora o Colégio Americano de Ginecologista e Obstetras recomende a antibioticoprofilaxia para pacientes de alto risco e questione seu uso em pacientes de baixo risco, no caso de quebra de assepsia o uso do antibiótico profilático é eficaz no controle da infecção, independente do risco(3, 4).
No caso de mastectomia, antibioticoprofilaxia com cefalotina é controversa, contudo em procedimentos com extensas áreas de dissecção pode ser eficaz 3. A histerectomia constitui uma das cirurgias mais realizadas atualmente. Diversos estudos constataram a redução da infecção cirúrgica, após histerectomias vaginais, com o uso de antibiótico profilático, porém nas histerectomias abdominais, a eficácia da profilaxia não foi observada, tendo sua prescrição indicada conforme a freqüência da infecção(3, 13).
 
CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO
A antibioticoprofilaxia é indicada quando há abertura de cavidade oral, faringe e esôfago superior, mediante o potencial patogênico da flora existente(6).

NEUROCIRURGIA
Recomenda-se a antibioticoprofilaxia nos casos de craniotomia eletiva, colocação de derivação e cirurgias da coluna(1).
 
CIRURGIA ORTOPÉDICA
Utiliza-se o antibiótico profilático nas cirurgias de colocação de próteses e implantação de fixadores(1).
 
CONTROLE ANTIMICROBIANO
Os antimicrobianos estão entre as drogas mais prescritas pelos médicos, sendo responsáveis por 15% das medicações consumidas nos hospitais. Deste antimicrobianos, aproximadamente 30% são para profilaxia cirúrgica. De acordo com diversos trabalhos realizados, 50% das prescrições antibioticoprofilaxia são inadequadas(1, 22).
Entre as conseqüências deletérias da antibioticoprofilaxia, destacam-se as reações adversas, desenvolvimento de resistência bacteriana, predisposição a infecções secundárias, além dos custo adicionais ao paciente(1, 22). Visto que a escolha inadequada de antibióticos profiláticos acarreta uma evolução clínica desfavorável, ressalta-se a importância de programas que controlem o uso racional dessas drogas. O Antimicrobial Surveillance Program (SENTRY) é um programa mundial e longitudinal de vigilância da resistência a antimicrobianos, cujo objetivo consiste na avaliação dos mecanismos de resistência de inúmeras bactérias coletadas em importantes sítios de infecção, através de testes de sensibilidade(20, 22).
Existem diversos métodos para o controle do uso de antibióticos em hospitais. Dentre estes, ressalta-se a conscientização do uso racional da antibioticoprofilaxia pela equipe cirúrgica, com a participação de infectologistas e microbiologistas(1, 22). O controle da infecção pós-operatória é uma responsabilidade moral e legal dos profissionais de saúde, cabendo aos mesmos uma mudança de comportamento para a prática efetiva de medidas preventivas que atenuem esta problemática(18).


Trabalho realizado por:

Kyara C. S. Ribeiro(1)
Luciana B. S. de Souza(2)
Willma J. de Santana(2)
Henrique Douglas M. Coutinho(3)

(1) Discente - Faculdade de Medicina de Juazeiro do Norte – FMJ;
(2) Docentes – MSc. em Microbiologia – Faculdade de Medicina de Juazeiro do Norte – FMJ;
(
3) Docente – MSc. em Genética - Universidade Regional do Cariri – URCA.

Local onde o trabalho foi realizado: Universidade Federal da Paraíba - UFPB.


REFERÊNCIAS
1. Pereira CAP. Antibioticoprofilaxia em cirurgia. Disponível em http://www.unimeds.com.br/downloads/ANTIBIOTICO%20PROFILAXIA.doc. Acessado em 15/06/2004.
2. Ferraz AAB. Antibioticoprofilaxia em cirurgia. Disponível em http:// www.cbc.org.br/atualizacao/fasciculos/121/antibioticoterapia.htm. Acessado em 23/06/2004.
3. Neto GPB. Antibioticoprofilaxia
em cirurgia ginecológica. Disponível em http://azul.misteriste.com.br/ ~farmidiahome/female/female5/novidades.html. Acessado em 05/06/2004.
4. Mah MW, Pyper AM, Oni GA et al - Impact of antibiotic prophylaxis on wound infection after cesarean section in a situation of expected risk. Am J Infect Control 2001; 29:85-88.
5. Junior JCMS. Profilaxia das complicações pós-operatórias no tratamento cirúrgico das doenças do intestino grosso: I-infecção. Rev. Bras. Coloproctologia. 1997.17(4): 232-235.
6. Dedivitis RA, Guimarães AV. Antibioticoprofilaxia em cirurgia do câncer de cabeça e pescoço. Acta Méd. Misericordiae. 2000.3(1): 28-31.
7. Souza VC, Freire ANM, Neto JT. Mediastinite pós-esternotomia longitudinal para cirurgia cardíaca: 10 anos de análise. Rev. Bras. Cir. Cardiov. 2002.17(3):266-270.
8. Oliveira AC, Martins MA, Martinho GH et al. Estudo comparativo do diagnóstico da infecção do sítio cirúrgico durante e após a internação. Rev. Saúde Pública. 2002.36(6):717-722.
9. Höfling-Lima AL, Farah ME, Montenegro L et al. Alterações da microbiota conjuntival e palpebral após uso tópico de lomefloxacina e tobramicina na cirurgia de catarata e cirurgia refrativa. Arq. Bras.Oftalmologia. 2002. 65(1): 21-29.
10. Serracarbassa PD, Serracarbassa LL, Rodrigues LD. Antibióticos intravítreos. Arq. Bras. Oftalmologia. 2003.66(4): 527-530.
11. Ueda EL, Hofling- Lima AL, Sousa LB et al. Avaliação de um cianoacrialto quanto à esterilidade e atividade biocida. Arq. Bras. Oftalmologia. 2004.67(3): 397-400.
12. Coral G, Mattos AA, Damo DF et al. Prevalência e prognóstico da peritonite bacteriana espontânea. Experiência em pacientes internados em um hospital geral de Porto Alegre, RS, Brasil (1991-2000). Arq. Gastroenterologia. 2002.39(3): 158-162.
13. Amorim MMR, Santos LC, Guimarães V. Fatores de risco para infecção pós-histerectomia total abdominal. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. 2000.22(7): 443-448.
14. Rodrigues P, Hering F, Meller A et al. Estudo prospectivo e randomizado do significado da antibióticoprofilaxia na ressecção transuretral de próstata. São Paulo Med. J. 2004.122(1): 4-7.
15. Grinberg M. Antibioticoprofilaxia da endocardite infecciosa. Necessidade de mais longa observação? Arq. Bras. Cardiol. 1997.69(2): 83-85.
16. Biondo-Simões MLP, Greca FH, Ioshi S et al. A antibioticoterapia prévia sobre o infiltrado inflamatório pulmonar após isquemia e reperfusão intestinal: estudo experimental em ratos. Acta. Cir. Bras. 2000.15(supl. 3): 47-52.
17. Biondo-Simões MLP, Greca FH, Ioshi S et al. Influência do antibiótico nas lesões de isquemia e reperfusão intestinal: estudo experimental em ratos. Acta. Cir. Bras. 2000.15(supl. 3): 83-87.
18. Tipple AFV, Pereira MS, Hayashida M et al. O ensino do controle de infecção: Um ensaio teórico prático. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2003.11(2): 245-250.
19. Medeiros AC, Neto TA, Filho AMD et al. Infecção hospitalar em pacientes cirúrgicos de hospital universitário. Acta Cir. Bras. 2003.18(supl. 1): 15-18.
20. Sader HS, Mendes RE, Gales AC et al. Perfil de sensibilidade a antimicrobianos de bactérias isoladas do trato respiratório baixo de pacientes com pneumonia internados em hospitais brasileiros. Resultados do Programa SENTRY, 1997 e 1998. J. Pneumologia. 2001.27(2): 59-67.
21. Oliveira RDR, Maffei CML, Martinez R. Infecção urinária hospitalar por leveduras do gênero Candida. Rev. Assoc. Med. Bras. 2001. 47(3): 231-235.
22. Veronesi R, Focaccia R. Tratado de Infectologia. São Paulo, Ed. Atheneu, 2ª ed., 1996.
23. Way LW. Cirurgia, diagnóstico e tratamento. Rio de Janeiro, Ed. Guanabara Koogan S.A., 9ª ed, 1993.
24. Goffi FS. Técnica cirúrgica – bases anatômicas, fisiopatológicas e técnicas da cirurgia. São Paulo, Ed. Atheneu, 4ª ed., 2001.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Antibióticos

Antibiótico é uma substância que tem capacidade de interagir com micro-organismos unicelulares ou pluricelulares que causam infecções no organismo. Os antibióticos interferem com estes micro-organismos, matando-os ou inibindo seu metabolismo e/ou sua reprodução, permitindo ao sistema imunológico combatê-los com maior eficácia.
O termo antibiótico tem sido utilizado de modo mais restrito para indicar substâncias que atingem bactérias, embora possa ser utilizado em sentido mais amplo (contra fungos, por exemplo). Ele pode ser bactericida, quando tem efeito letal sobre a bactéria ou bacteriostático, se interrompe a sua reprodução.
As primeiras substâncias descobertas eram produzidas por fungos e bactérias, atualmente são sintetizadas ou alterados em laboratórios farmacêuticos e têm a capacidade de impedir ou dificultar a manutenção de um certo grupo de células vivas.

História

O primeiro antibiótico identificado pelo homem foi a penicilina. Alexander Fleming, bacteriologista do St. Mary's Hospital, de Londres, já vinha um tempo pesquisando substâncias capazes de matar ou impedir o crescimento de bactérias nas feridas infectadas, pesquisa justificada pela experiência adquirida na Primeira Grande Guerra 1914-1918, na qual muitos combatentes morreram em consequência da infecção em ferimentos profundos e mal-tratados por falta de tratamento adequado.
No ano de 1922 Fleming descobre uma substância antibacteriana no choro e na urina, a qual dera o nome de lisossioma.
E em 1928 Fleming desenvolveu pesquisas sobre estafilococos, quando descobriu a penicilina. A descoberta da penicilina deu-se em condições muito peculiares, graças a uma sequência de acontecimentos imprevistos e surpreendentes.


Abaixo: Estrutura geral das penicilinas. 


No mês de agosto de 1928 Fleming tirou férias e, por esquecimento, deixou algumas placas com culturas de estafilococos sobre a mesa, em lugar de guardá-las na geladeira ou inutilizá-las, como seria natural. Ao retornar ao trabalho, em setembro do mesmo ano, observou que algumas das placas estavam contaminadas com mofo, fato este relativamente frequente. Colocou-as então, em uma bandeja para limpeza e esterilização com lisol. Neste exato momento entrou no laboratório um seu colega, Dr. Pryce, e lhe perguntou como iam suas pesquisas. Fleming apanhou novamente as placas para explicar alguns detalhes ao seu colega sobre as culturas de estafilococos que estava realizando, quando notou que havia, em uma das placas, um halo transparente em torno do mofo contaminante, o que parecia indicar que aquele fungo produzia uma substância bactericida. O assunto foi discutido entre ambos e Fleming decidiu fazer algumas culturas do fungo para estudo posterior.

Abaixo: Staphylococcus aureus
O fungo foi identificado como pertencente ao gênero penicillium, de onde deriva o nome da penicilina dado à substância por ele produzida. Fleming passou a empregá-lo em seu laboratório para selecionar determinadas bactérias, eliminando das culturas as espécies sensíveis à sua ação.
Foi o primeiro teste de reação penicilínica realizado em laboratório. Por outro lado, a descoberta de Fleming não despertou inicialmente maior interesse e não houve a preocupação em utilizá-la para fins terapêuticos em casos de infecção humana até a eclosão da Segunda Guerra Mundial, em 1939. Nesse ano e em decorrência do próprio conflito, a fim de evitarem-se baixas desnecessárias, foram então ampliadas as pesquisas a respeito da penicilina e seu uso humano..
Em 1940, Sir Howard Fleorey e Ernst Chain, da Universidade de Oxford, retomaram as pesquisas de Fleming e conseguiram produzir penicilina com fins terapêuticos em escala industrial, inaugurando uma nova era para a medicina denominada a era dos antibióticos.
Alguns anos mais tarde, Ronald Hare, colega de trabalho de Fleming, tentou, em vão, "redescobrir" a penicilina em condições semelhantes às que envolveram a descoberta de Fleming. Após um grande número de experiências verificou-se que a descoberta da penicilina só tornou-se possível graças a uma série inacreditável de coincidências, que foram:
  • O cogumelo que contaminou a placa, como se demonstrou posteriormente, é um dos três melhores produtores de penicilina dentre todas as espécies do gênero penicilium;
  • O cogumelo contaminante teria vindo pela escada do andar inferior, onde se realizavam pesquisas sobre fungos;
  • O crescimento do cogumelo e dos estratococos se fez rapidamente, condição para se evidenciar a lise bacteriana;
  • No mês de agosto daquele ano, em pleno verão, sobreveio uma inesperada onda de frio em Londres, que proporcionou a temperatura ideal ao crescimento lento da cultura;
  • A providencial saída do Dr. Pryce no Laboratório permitiu que Fleming reexaminasse as placas contaminadas e observasse o halo transparente em torno do fungo, antes de sua inutilização.
Apesar de todas essas felizes coincidências, se Fleming não tivesse a mente preparada e avançada não teria valorizado ou mesmo notado o halo transparente em torno do fungo e descoberto a penicilina.


Antibioticoterapia

Chama-se Antibioticoterapia o tratamento realizado com antibióticos.
Essas substâncias são utilizadas na Medicina para controlar infecções, e sua descoberta revolucionou os tratamentos das doenças infecciosas. Passaram a ser curáveis doenças que antes eram letais, como:

 

Tipos

Há mais de 7000 tipos de antibióticos no mercado, e centenas de similares, fabricados por inúmeros laboratórios farmacêuticos. Podem-se citar por exemplo;

 

Efeitos indesejáveis

O uso contínuo de antibióticos faz com que sejam selecionadas cepas de micro-organismos resistentes a estas drogas, sendo necessária a descoberta constante de novos remédios mais eficazes. Isto tem aumentado consideravelmente o custo do tratamento das infecções, e também criado micro-organismos resistentes, que são um perigo para a saúde pública. Por isso, a auto-prescrição de antibióticos, bem como a prescrição indiscriminada por parte dos médicos, é extremamente prejudicial para o próprio doente e também para toda a população.
Ao tomar um antibiótico mata-se bactérias da flora natural do corpo humano, gerando desequilíbrio, e abrindo espaço para bactérias patogênicas crescerem, aumentando a chance de desenvolver outras infecções. Pode-se, por exemplo, tomar um remédio para dor de garganta e favorecer o surgimento de uma meningite. Outros perigos dos antibióticos são seus possíveis efeitos colaterais que vão desde desconfortos abdominais e diarréias até gravíssimas reações alérgicas.

Resistência antibiótica

A resistência antibiótica é a capacidade dos microrganismos de resistir aos efeitos de um antibiótico ou antimicrobiano. O uso inadequado de antibióticos (na terapia humana e na utilização como promotor de crescimento em animais que fazem parte da alimentação humana) conduz ao aparecimento de resistências, tornando os agentes antimicrobianos menos eficazes. A resistência pode ser adquirida via: transformação, conjugação, transdução e mutação.

Prescrição

Segundo a Organização Mundial de Saúde, mais de 50 por cento dos antibióticos são prescritos de forma inadequada.

No Brasil

Para evitar o uso indiscriminado de antibiótico pela população e conter o avanço dos casos de contaminação por superbactérias começaram a valer novas regras a partir de 28 de novembro de 2010 para a venda de antibióticos nas farmácias e drogarias brasileiras (resolução RDC 44 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Os medicamentos só podem ser vendidos com a apresentação de duas vias da receita médica, sendo que uma delas ficará com o estabelecimento e outra com o consumidor. A regra vale atualmente para 93 tipos de substâncias antimicrobianas que compõem todos os antibióticos registrados no Brasil. Estão de fora da lista os antibióticos usados exclusivamente em hospitais.



Referências

  1. Resistência Antibiótica. medicosdeportugal.saude.sapo.pt. Página visitada em 1 dezembro de 2010.
  2. Correio do Estado: Entidades contra restrição fazem manifesto hoje. correiodoestado.com.br. Página visitada em 1 de dezembro de 2010.
  3. ANVISA – RDC nº 44, de 26 de outubro de 2010. portal.anvisa.gov.br. Página visitada em 1 de dezembro de 2010.
  4. Agência Brasil: A partir de hoje venda de antibióticos só com receita médica. agenciabrasil.ebc.com.br. Página visitada em 1 de dezembro de 2010.
  5. Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de Agosto (pdf). infarmed.pt. Página visitada em 1 de dezembro de 2010.
  6. Classificação Quanto à Dispensa. infarmed.pt. Página visitada em 1 de dezembro de 2010.
  7. IAPMEI: Decreto-Lei 48547, de 27 de Agosto de 1968 de 1 de Janeiro de 1970. iapmei.pt. Página visitada em 1 de dezembro de 2010.
  8. a b PUBLICO.PT: Abuso do recurso a antibióticos em Portugal é um problema de saúde pública. publico.pt. Página visitada em 1 de dezembro de 2010.
  9. Programa Nacional de Prevenção das Resistências aos Antimicrobianos. infarmed.pt. Página visitada em 1 de dezembro de 2010.
  10. Direcção-Geral da Saúde: Programa Nacional de Prevenção das Resistências aos Antimicrobianos (pdf). dgs.pt. Página visitada em 1 de dezembro de 2010.
  11. Wikipedia. Página visitada em 23 de dezembro de 2010.